Por isso a relação tão próxima entre o mindfulness – técnica de meditação que, em linhas gerais, orienta e pratica a atenção plena – e o esporte profissional. Algo que o próprio nadador Nicholas Santos mencionou durante as entrevistas que deu após conquistar a medalha de prata nos cinquenta metros borboleta durante o Campeonato Mundial, em julho de 2017, realizado em Budapeste, na Hungria.
Mais do que pelo lugar no podium, Santos ficou mundialmente famoso por se tornar o nadador mais “velho”, aos 37 anos, a conseguir uma medalha em um mundial. A façanha foi resultado de trabalho árduo, muito talento e, claro, disciplina. Mas havia mais um “segredo” que o nadador fez questão de revelar: “Na parte mental, tenho utilizado o mindfulness, que é um trabalho de respiração, concentração, atenção plena e para vivenciar o presente”, conforme definiu em entrevista à Revista Veja, na época. Uma das muitas em que ele destacou a prática na construção de todo o trabalho.
A história de Nicholas Santos com o mindfulness teve início em 2016, quando seu treinador, Felipe Domingues, procurou os instrutores Moira Malzoni e Marcelo Maia para complementar a estrutura de preparos para o Mundial. A dupla já tinha experiência no trabalho com atletas, quando havia ministrado aulas de mindfulness para o ucraniano Andrii Govorov.
Desta vez o desafio era desenvolver um curso especialmente pensado para Santos, outros dois atletas olímpicos e três paraolímpicos. Eles então criaram um curso de oito semanas no qual foram trabalhados a atenção plena nos treinos e o foco necessário no momento das provas – sobretudo para aplacar a tensão natural dos momentos que a antecedem.
“A prática do mindfulness influencia no sentido de fazer com que os atletas consigam se concentrar mais no momento presente, no que eles têm que fazer naquela hora, sem pensar no que pode ser”, explica Maia. “O que ajuda a evitar o desgaste, o nervosismo e a perda de foco na hora de cair na água”. Moira complementa lembrando a confiança e a entrega que Nicholas Santos demonstrou durante todo o processo. “Ele já meditava, mas seguia outra técnica. Então ele sempre se interessava por saber mais. A gente indicava textos, ele comentava o que tinha lido, ou mesmo visto em filmes, sobre mindfulness”.
O resultado, além da celebrada e merecida medalha de prata, foi abrir mais um espaço para o melhor entendimento do mindfulness – prática aliada da melhor resposta possível em diversas empreitadas da vida: dos estudos ao trabalho, passando pelas tarefas do dia a dia e também nas raias, campos e quadras do esporte.